async='async' data-ad-client='ca-pub-1470782825684808' src='https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js'/> Pelas estradas da vida, em um certo momento eu me perdi! - Ariane Baldassin


Pelas estradas da vida, em um certo momento eu me perdi!

Quando nascemos somos amparados pelos pais. Na verdade, nos primeiros meses precisamos muito mais das nossas mães, que com noites mal dormidas, mil afazeres, ainda nos acalenta para nos alimentar com seu próprio leite. Mas seguindo o ciclo da vida, vamos crescendo. Os nossos pais vão nos preparando para a vida. Ah, a vida ... jamais poderia imaginar o que era a imensidão dessa nova jornada que se chamava vida. Nunca imaginei que o mundo seria tão grande e pequeno ao mesmo tempo. Não imaginava como seria o futuro, mas achava que em cada descoberta linda, cheias de desafios e que eu seria uma vitoriosa.

Nos primeiros anos eu me desenvolvi. Aprendi a sentar, engatinhar, andar. Comecei a comer sozinha, já não usava mais fraldas e finalmente comecei a frequentar a escolinha. Esse foi o meu primeiro passo para o novo, afinal comecei a conhecer pessoas diferentes, que pensavam e agiam diferente de mim. Era o meu primeiro círculo social. Apesar das atividades, com apenas quatro anos eu queria fazer o que mais sabia: brincar! E eu não gostava de brincar sozinha, minha mãe sempre brincava comigo, pois meu pai era quem trazia o sustento do nosso lar, embora eu mal soubesse o que era dinheiro, o que era caro ou barato. 

Minha mãe sempre esteve ao meu lado, assim como meu pai. Eles me educaram, me ensinaram a ser uma pessoa ética, responsável e a ser humilde com as pessoas. Talvez a minha ingenuidade tenha sigo uma das centenas de pedras na qual eu tropecei e cai ao longo da jornada da vida.

Depois vieram meus outros dois irmãos e eu me senti colocada de lado. Uma solidão, um vazio, um sentimento de rejeição. Até tentava chamar a atenção, dando trabalho na escola ou arrumando confusão nas ruas. Mas isso não dava resultado. Segui a minha vida, fui ganhando asas e aos poucos quis voar. Chegou a tão temida fase da adolescência...

Eu já não queria mais comer a mesa junto com a família. Eu queria mesmo era o meu quarto. Lá eu escrevia em meu diário, ficava pensando nas minhas paquerinhas e ouvindo música, sempre alta quando podia. As viagens em família já não existiam mais. Eu queria mesmo era ficar sozinha. Sentia que meus pais não me permitiam voar. Eram sermões, castigos...

Como eu nunca fui uma pessoa magra, sofria bullying na escola mas escondia toda a minha tristeza. Por vezes a dor era tão forte que encontrei uma válvula de escape: a automutilação. Então, eu me trancava no banheiro e com um gilete eu cortava as minhas pernas. Por isso vivia sempre de calças compridas. Não o fazia para chamar a atenção dos meus pais ou amigos, na verdade eu sentia vergonha, e por isso mesmo sempre escolhia partes do corpo que não ficariam expostas. Mas essa era a única forma de expressar a minha dor, o meu sofrimento por ser rejeitada. Era como seu eu estivesse em um beco sem saída, pedindo socorro, mas ninguém me ouvia. E de mãos atadas, sem ter o que fazer, só me restavam os cortes. A dor, que por vezes nem sentia na hora, geravam marcas. Cada marca era uma vivência ruim e sempre que eu olhava para elas eu me lembrava o porquê de cada uma das minhas feridas.

Já com treze anos, as minhas amigas da escola se vestiam como mocinha. E eu? Eu era apenas uma moleca. Me vestia de shorts e camiseta, gostava de andar de bicicleta. Ah, e como eu sofria com isso. Elas me ironizavam, diziam que eu não era mocinha, que eu não gostava de meninos. Todas já haviam dado o seu primeiro beijo ou tinham namoradinhos e eu não. Aí comecei a sofrer a pressão, até que cedi. Dei o eu primeiro beijo. Descrevo esse momento com um dos piores e mais estranhos da minha vida. Ter a sua boca invadida por uma língua de alguém que você mal conhece foi literalmente uma violação ao meu corpo. Me pareceu nojento.

E assim eu segui pela estrada da vida ... tropeçando e levantando, muitas vezes sozinha. A primeira encruzilhada com a qual me deparei foi o divórcio de meus pais: eu estava em um único caminho e agora eu tinha dois. Tinha que decidir em qual caminho iria permanecer. Escolhi ficar com a minha mãe.

imagem/reprodução

Depois que o meu pai foi embora, parecia que as coisas tinham melhorado pra mim. Eu já não era tão rebelde e já podia sair sozinha, fazer as minhas escolhas sem ter alguém "no meu pé". Minha mãe vivia sempre ocupada, não se importava onde eu estava. Então eu tinha a liberdade de sair e voltar, durante os dias, na hora que sentisse vontade. Esse caminho parecia bom.

Aos meus 14 anos encontrei uma "amiga de verdade". Ela me levou ao cabeleiro e pediu um corte moderninho. Me ajudou a comprar roupas mais femininas. Éramos inseparáveis. A estrada da vida ainda punha pedras no meu caminho, mas agora eu podia contar com ela para me levantar. E ao seu lado, na sua companhia, comecei a conhecer outras pessoas do seu círculo de amigos. Foi aí que comecei a comprar cigarros. Comprávamos sempre em um bar, perto da escola, que nos vendia avulso. E sempre sentávamos abaixo de uma árvore para fumar. Eu ainda não tinha um namorado mas a minha amiga havia se apaixonado por um rapaz da nossa sala. Estávamos no ginásio.

Esse rapaz sempre me pareceu muito estranho. Como estudávamos de manhã ele sempre chegava de mal humor e não cumprimentava ninguém. Mas após a hora do intervalo ele estava a 380v. Ria alto, fazia brincadeiras. Foi aqui que descobrimos que ele era usuário de drogas. Todos os dias no intervalo ele cheirava cocaína. Um dia ele nos mostrou que nem osso mais havia em seu nariz, que sempre acordava com ele sangrando. Mas que era o maior barato. Eu, com toda a criação que tive, sabia que isso não era o certo e fiquei com receio pela minha amiga. Mas, quando se está envolvido com más companhias, o resultado é sempre um desastre.

Minha amiga me apresentou então a maconha. Ah, que barato! Tive até coragem de me declarar para o meu paquera de meses. Embora tenha recebido um enorme não, eu ri na cara dele. No outro dia, ainda perdida por tudo que estava encontrando nessa estrada sinuosa da vida, percebi que não haviam mais estrelas para me guiar. Que o sol já não me aquecia a alma, e que a beleza da lua havia sumido. Tudo era só escuridão.

Quando a minha amiga apareceu grávida, e eu pouco sabia sobre sexo, fiquei assustada. Meu Deus! E logo após esse acontecimento, os pais dela resolveram se mudar para outro estado, com o objetivo de mudar o rumo do seu caminho, da sua estrada da vida. E agora? Eu me sentia perdida, desamparada, angustiada. Comecei a intensificar a automutilação. Agora me queimava com as bitucas de cigarro. Me lembro que com 15 anos, fiz dois cortes enormes na minha perna com uma faca de cozinha. Foi aí que a minha mãe percebeu que eu precisava de ajuda e se sentiu muito, muito culpada por ter que trabalhar fora para trazer o sustento da casa, e não ter tido mais tempo para cuidar de mim e de meus outros dois irmãos. Ela achava, na sua simplicidade, que ao nos recompensar com presentes ao final de cada mês, estava suprindo as nossas necessidades.

Bem, eu já estava com meus dezesseis anos. Saí da escola. Não quis completar o ensino médio. Meus irmãos eram diferentes de mim, como se fossem estranhos na verdade, pois mal nos falávamos. Meu pai, que desde a separação e o casamento com outra mulher, não queria mais saber de nós, também virou um estranho. Meu caminho ficava cada vez mais difícil.

Quando conheci uma nova amiga, na rua mesmo, nessas rodas em que fumávamos crack, resolvi fugir de casa e me abrigar na casa dela. Era era mais velha, tinha 25 anos e se sustentava catando e vendendo reciclados - pelo menos era isso que ela dizia e eu acreditava. Morávamos em uma casa com uma cozinha, um banheiro sem portas e um único quarto. Era praticamente um barraco. A estrada da vida me levou a um beco que parecia sem saída. E eu? Eu me perdi durante todo o percurso.

Cansada, sem emprego, sem apoio e ainda precisando manter o vício, fui às ruas. Eu me prostituía para poder comprar drogas. Se todas as meninas faziam, porque eu não o faria? E cada vez consumia mais drogas. Cortei totalmente a relação com a minha mãe. Aliás ela não sabia onde eu estava e eu tão pouco sabia que ela me procurava pelas estradas da vida.

Aos meus 19 anos, mas com aparência de 30, vivia nos metros pedindo dinheiro. Usava alguns filhos de amigas minhas para fazer papel de quem precisava de dinheiro para comida. Que nada, os pais usavam seus filhos como objeto apenas para conseguir o que queriam: sustentar o seu vício. 

Fiquei grávida aos 20 anos. Não conseguia sentir amor por aquele ser que crescia dentro de mim. Mal me alimentava e ainda continuava com o crack. Quando o bebê nasceu eu vendi para um casal, na rua mesmo, por meros R$ 500,00. Ali começava uma nova jornada da vida, um novo caminho para aquela criança. Que permitisse Deus que o caminho dela fosse iluminado.

Eu nunca conheci o amor. Não tinha namorado. Eu só sabia lidar com a dor: a dor da solidão, a dor da falta de drogas, a dor quando eu apanhava quando não trazia dinheiro para o barraco. Resolvi então morar na rua. Uma nova estrada. Achava que essa seria o melhor e o único caminho. Uma fuga perfeita de todos os meus problemas. Mas nunca pudera imaginar como a vida nas ruas era cruel.

Morando em um barraco, passava frio nas noites gélidas de São Paulo, dormindo apenas sob papelão e jornal, com uma manta doada. Pedia dinheiro nos semáforos, nas ruas, fazia de tudo para me manter viva, embora as drogas estivessem me consumindo aos poucos. Nas ruas fui roubada, minha barraca tomada de mim, fui violentada. E lá estava eu perdida mais uma vez.

Sem saber o que fazer e quem procurar. Naquela altura nem pensava mais que eu tinha tido uma mãe. Estranho pensar o que as drogas fazem conosco. Eu resolvi acabar com tudo. Eu não tinha amor, não tinha um lar, não sabia o que era uma amizade verdadeira. Acho que a estrada que segui, pelas minhas próprias escolhas, foi a pior de todas. Mas foi escolha minha! E então, um dia, me vendo no final da estrada, com um grande abismo na minha frente, tomei coragem e pulei. Sim, pulei de uma ponte por onde passavam carros em alta velocidade. Saberia assim que se não morresse com a queda, certamente seria atropelada. Eu queria morrer. Minha vida assim terminou.

Sobre o texto:
Esse texto é uma obra de ficção de minha autoria, baseada em acontecimentos que são reais na vida de muitas famílias. O intuito é o de que os pais acompanhem de perto o desenvolvimento dos filhos, procurem por sinais de drogas - que levam para uma estrada sem saída - que conheçam as suas companhias. Que saibam impor limites.

Para os filhos, os adolescentes, o texto serve como alerta. Quando se está nessa fase parece que tudo é perseguição. Mas os pais só querem o nosso bem e por isso às vezes tomam decisões que naquele momento podem te deixar extremamente irritado. Espere a maturidade, continue frequentando a escola, faça bons amigos. Não experimente droga alguma.

Saiba que é você que escreve a sua própria história, pelas escolhas que faz. Dependendo do caminho que escolha seguir, ele pode te levar ao sucesso ou ao fracasso. Cabe você decidir o final dela.
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