Você já reparou que quando chega a qualquer lugar em que precisa esperar algum tempinho, como um consultório médico por exemplo, você logo pega seu smartphone e loga sua conta nos apps de alguma rede social? Pode ser facebook, instagram, twitter, tumbler, pinterest e muitos outros a perder de vista. Uma rotina que nos coloca no piloto automático.
Com o avanço da tecnologia e a praticidade dos aparelhos como tablets e celulares que você usa em casa ou carrega com facilidade para onde vai, conectar-se a esse mundo usando apenas as mãos é pura praticidade. Pois é, as redes sociais tornaram-se o local em que amigos e figuras públicas mostram, além de ideias e posicionamentos, também a sua vida íntima. A crítica mais ferrenha às elas decorre de uma falta de "verdade" demonstrada nas postagens. As vezes a pessoa posta um lugar lindo, rodeada de amigos, sorrindo mas na verdade sua vida pessoal passa por um verdadeiro "inferno".
O que muitas pessoas ainda não entendem é que pode haver uma "edição" da realidade nos posts que podem estar vendo, e se sentem decepcionados com a própria vida, supostamente, menos interessante que a de sua rede de contatos. E isso pode ser um bom motivo para se sentir excluído, ter a sua auto estima abalada. A verdade é que essa versão revela apenas uma parte do todo ou pinta os acontecimentos com cores mais vivas. Por isso, imergir neste tipo de ambiente virtual pode levar à frustração e a todo tipo de sentimento negativo. Em alguns casos, até mesmo a um quadro clínico de depressão.
Há estudos científicos que comprovam o poder das redes sociais na diminuição da felicidade pessoal. Uma equipe do departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, analisou as experiências de 143 estudantes, de 18 a 22 anos, com as três plataformas mais populares entre os alunos da graduação: Facebook, Snapchat e Instagram. Os resultados apontaram que, quem ficou nas redes por mais tempo, teve aumento significativo na sensação de solidão.
E como sair dessa?
Da mesma forma que há estudos para apontar o que pode fazer mal à saúde mental humana, há outros que revelam o que faz bem. Um dos mais sérios é em torno da ciência da felicidade, a psicologia positiva. O objetivo é focar nas forças, ao invés das fraquezas, e fazer com que as pessoas adquiram competências para lidarem com suas vidas cotidianas, sendo capazes de intervir de forma proveitosa.
Com a psicologia positiva, condições que envolvem relações interpessoais, propósito, satisfação, e motivação deixaram de ser abstratas e passaram a ser analisadas de forma sistemática e científica. "Por meio da neurociência, descobrimos que disfunções na amígdala ou baixos níveis de dopamina ou serotonina podem ter origens genéticas, mas, pelo menos, 50% do nosso bem-estar está diretamente conectado ao ambiente, e por isso é tão importante que criemos um ambiente propício a ele", explica Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada, pela Universidade da Pensilvânia, e presidente da SBCoaching.
Como encontro meu bem-estar
O bem-estar é mais que a ausência de estados psicológicos negativos; ele é diretamente influenciado por perspectivas subjetivas, por metas alinhadas a propósitos, que trazem satisfação. "Sem se dar, a pessoa pode acabar se autossabotando. A busca pelo bem-estar pleno, inevitavelmente, fracassa, porque ela deixa de atender suas necessidades e desejos enquanto indivíduo", explica Flora Victoria.
Por isso, ter atenção ao tempo gasto nas redes sociais e ao nível de importância dado a elas é fundamental para o indivíduo entender como isso está afetando seu bem-estar, um índice mensurável e que decorre da satisfação nos diversos domínios da existência.
Para entender se o bem-estar é parte integrante da vida, é preciso atentar-se àquela sensação agradável e recompensadora ao fim do dia. "Pessoas que mantêm relações mutuamente satisfatórias, veem sentido em suas atividades e têm um senso de controle sobre o que vivem. São indivíduos que certamente vivem este sentimento sensação de bem-estar", diz a especialista em psicologia positiva.
Cinco dicas do professor da felicidade
Outro expoente da área de psicologia positiva, o israelense Tal Ben-Shahar, acredita que ser feliz não é estar bem o tempo todo, mas saber agir com o desconforto e não deixar de ficar bem mesmo em situações difíceis. A seguir, ele dá algumas dicas preciosas para processar emoções ruins:
1) Aceitar os erros
Aprender que falhar é parte do processo de inovação, por isso deve-se "abraçar o stress e o fracasso", pois isso faz parte do que é ser humano.
2) Simplificar a vida
Dar tchau à ansiedade e praticar a paciência durante as tarefas.
3) Praticar exercícios físicos
Estimular o sistema circulatório, liberar tensões e produzir endorfina no corpo, promove a sensação de bem-estar.
4) Ter um hobby
Dar um tempo nas obrigações, tarefas e compromissos do dia a dia e dar um alô para o prazer da atividade preferida.
5) Praticar a Gratidão
Ir além da racionalidade, da obrigatoriedade de agradecer; o sentimento de ser grato é o que conduz à felicidade.