O autismo é uma
disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a
capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer
relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao
ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas). Esta desordem
faz parte de um grupo de síndromes chamado transtorno global do
desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno invasivo do
desenvolvimento (TID), do inglês pervasive developmental disorder (PDD).
Entretanto, neste contexto, a tradução correta de "pervasive" é
"abrangente" ou "global", e não "penetrante" ou "invasivo". Mais
recentemente cunhou-se o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para
englobar o Autismo, a Síndrome de Asperger e o Transtorno Global do
Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam
inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios retardos no
desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes,
outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de
comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são
designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos
sintomas do autismo. Atualmente já há possibilidade de detectar a
síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos.
Certos adultos com autismo são capazes de ter
sucesso na carreira profissional. Porém, os problemas de comunicação e
sociabilização freqüentemente causam dificuldades em muitas áreas da
vida. Adultos com autismo continuarão a precisar de encorajamento e
apoio moral em sua luta para uma vida independente. Pais de autistas
devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes de seus
filhos terminarem a escola. Caso conheça outros pais de adultos com
autismo, pergunte sobre os serviços disponíveis.
O autismo afeta, em média, uma em cada 110 crianças
nascidas nos Estados Unidos, segundo o CDC (sigla em inglês para Centro
de Controle e Prevenção de Doenças), do governo daquele país, com
números de 2006, divulgados em dezembro de 2009. -- no Brasil, porém,
ainda não há estatísticas a respeito do TEA. Em 2010, no Dia Mundial de
Conscientização do Autismo, 2 de abril, a ONU declarou que, segundo
especialistas, acredita-se que a doença atinja cerca de 70 milhões de
pessoas em todo o mundo, afetando a maneira como esses indivíduos se
comunicam e interagem. O aumento dos números de prevalência de autismo
levanta uma discussão importante sobre haver ou não uma epidemia da
síndrome no planeta, ainda em discussão pela comunidade científica. No
Brasil, foi realizado o primeio estudo de epidemiologia de autismo da
América Latina, publicado em fevereiro de 2011—com dados de 2010 --,
liderado pelo psiquiatra da infância Marcos Tomanik Mercadante
(1960-2011), num projeto-piloto com amostragem na cidade paulista de
Atibaia, aferiu a prevalência de um caso de autismo para cada 368
crianças de 7 a 12 anos. Outros estudos estão em andamento no Brasil.
Um dos mitos comuns sobre o autismo é de que
pessoas autistas vivem em seu mundo próprio, interagindo com o ambiente
que criam; isto não é verdade. Se, por exemplo, uma criança autista fica
isolada em seu canto observando as outras crianças brincarem, não é
porque ela necessariamente está desinteressada nessas brincadeiras ou
porque vive em seu mundo. Pode ser que essa criança simplesmente tenha
dificuldade de iniciar, manter e terminar adequadamente uma conversa.
Outro mito comum é de que quando se fala em uma
pessoa autista geralmente se pensa em uma pessoa retardada ou que sabe
poucas palavras (ou até mesmo que não sabe alguma). Problemas na
inteligência geral ou no desenvolvimento de linguagem, em alguns casos,
pode realmente presente, mas como dito acima nem todos são assim. Às
vezes é difícil definir se uma pessoa tem um déficit intelectivo se ela
nunca teve oportunidades de interagir com outras pessoas ou com o
ambiente. Na verdade, alguns indivíduos com autismo possuem inteligência
acima da média.
A ciência, pela primeira vez falou em cura do
autismo em novembro de 2010, com a descoberta de um grupo de cientistas
nos EUA, liderado pelo pesquisador brasileiro Alysson Muotri, na
Universidade da Califórnia, que conseguiu "curar" um neurônio "autista"
em laboratório. O estudo, que baseou-se na Síndrome de Rett (um tipo de
autismo com maior comprometimento e com comprovada causa genética), foi
coordenado por mais dois brasileiros, Cassiano Carromeu e Carol
Marchetto e foi publicado na revista científica Cell.
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