Por Gislene Naxara *
O sucesso escolar do educando vai acontecer quando tivermos em sintonia três pontos: a escola, a família e o aluno. Cada um dando conta do que compete a si. Exigir que seu filho tire boas notas em todas as matérias pode se tornar um problema. Não me entenda mal, ter um desempenho satisfatório envolve ter bons resultados, o que é bom para o aluno. No entanto, é normal que durante sua curva de aprendizado o estudante vá melhor em algumas matérias do que em outras. A avaliação na infância não é mensurada, pois não há notas até o segundo ano. É uma proposta de observação, análise do desempenho e portfólio, mais qualitativa do que quantitativa. Conforme o tempo passa, há uma medição desse conhecimento. Quando trabalhamos com crianças, não podemos ter o objetivo na nota. É preciso atenção na dedicação e no empenho.
A exigência deve acontecer no sentido de elas trazerem o seu melhor, ter dedicação e se sentirem motivadas. É necessário respeitar a faixa etária, pois temos que mostrar a responsabilidade de cada um em fazer o seu melhor, desvinculando da nota e deixando que seja uma consequência. É normal que alguns sejam bem-sucedidos em determinadas disciplinas por diversos motivos, dentre eles habilidades e competências. Com mais de 30 anos de atuação na área de educação e hoje também como coordenadora pedagógica da Educação Infantil e 1° ano no Colégio Salesiano Santa Teresinha, em São Paulo, percebi que os pais devem lidar de uma forma mais positiva com as notas e suas exigências com os filhos. Eles sempre devem optar por conversar e mostrar que as notas, altas ou baixas, são consequências do aproveitamento escolar. Se o aluno se empenha e se dedica, o resultado é bom. Se não foi satisfatório, é necessário ver o porquê. A nota é um resultado que serve também para avaliação, temos que refletir sobre ela, independentemente de qual seja.
Reforço que não ter momentos de convívio diário com o filho também pode interferir no desempenho escolar, por exemplo. Mas essa relação deve ser mais do que uma simples refeição diária. Sei que é difícil falar em um momento, pois se todos estão próximos, mas cada um em seu celular, também não foi válido. A questão é a presença efetiva. Hoje muito se fala que é melhor qualidade do que quantidade de tempo. Mas existe uma reflexão sobre isso, pois atualmente há uma demanda grande de trabalho, fazendo com que muitas vezes a criança passe o dia sem a família. As pessoas delegam muito a terceiros, mas na verdade a educação é responsabilidade de pai e mãe. A escola trabalha a escolarização, a família a educação, e isso só acontece com a presença.
O tempo necessário com o filho é a família que vai estruturar. Uma avó, uma babá ou qualquer outra pessoa não vai educar no lugar dos pais. Portanto, é importante que a família tenha um tempo com essa criança. De chegar em casa e deixar tudo para estar com ela. Não somente em momentos bons, mas também na hora do limite, que é necessário para um desenvolvimento saudável. Agora o quanto isso vai acontecer são os familiares que têm de organizar por conta da demanda de trabalho existente. Isso também é importante para a criança, não só financeiramente, mas para que ela veja um bom exemplo de responsabilidade, entendendo que é possível nos realizar profissionalmente.
* Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e 1° ano do Colégio Salesiano Santa Teresinha, Gislene Maria Magnossão Naxara atua na área de educação há 32 anos. Formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia pela Mackenzie, cursou especializações em didática de 1ª a 4ª série, semiótica e aprendizagem cooperativa com novas tecnologias na Rede Salesiana.